Please Wait
Loaded
World Cup Qualifiers
7s Feminino

World Cup Qualifiers – 7s Feminino

Portugal disputou em Bucareste o torneio de qualificação para o Campeonato do Mundo de 7s.

Artigo escrito por: Nuno Madeira do Ó

Fruto do terceiro lugar obtido no Rugby Europe Trophy, Portugal tinha-se qualificado para o torneio de acesso ao Campeonato do Mundo de 7s. No entanto, a missão adivinhava-se complicada com as actuais campeãs europeias (Polónia) e as detentoras da medalha de bronze (Espanha) no caminho.

Portugal v Polónia

O primeiro jogo do dia (e do torneio) opôs Portugal às actuais campeãs Europeias, a selecção da Polónia. Talvez devido aos pregaminhos das suas oponentes, Portugal entrou nervoso na partida e, com 30 segundos de jogo, entregou a oval às adversárias depois de um alinhamento a seu favor que aproveitaram o espaço na defesa lusitana e marcaram.

Embaladas pelo ensaio inicial, a equipa Polaca praticava um rugby muito apoiado, com constantes offloads o que dificultavam bastante a tarefa defensiva Portuguesa. Com quatro minutos por jogar na primeira parte, a Polónia marcou dois ensaios em 30 segundos, empurrando o marcador para 0-19.

Crédito: Rugby Europe

Ainda antes do intervalo, e numa altura em que Portugal tentava atacar, a selecção da Polónia recuperou a oval e, já com o relógio no zero, marcou o quarto ensaio da partida. Ao intervalo, o marcador mostrava 0-26 e as estatísticas mostravam que a equipa Portuguesa não tinha cruzado a linha de meio campo.

Apesar de mais um ensaio Polaco no início da segunda parte, devido a uma placagem falhada por parte da defesa Portuguesa, a partida tinha uma sensação diferente, com Portugal mais ofensivo e com mais bola na mão. Uma primeira tentativa de progredir no terreno quase deu origem a um ensaio mas a bola perdeu-se pela linha de fundo.

Crédito: Rugby Europe

No entanto, com três minutos e meio por jogar, Mariana Santos recebe a bola na esquerda e consegue encontrar espaço para correr até à linha de ensaio e marcar o primeiro ensaio Português. Com 5-33 no marcador, Portugal jogava um rugby mais esclarecido e tentava recuperar da desvantagem mas sem resultados práticos.

O jogo terminou como tinha começado: alinhamento a favor de Portugal mas com a bola a acabar em mãos Polacas que, com a equipa lusitana balanceada para o ataque, não teve dificuldade em encontrar espaço no terreno de jogo e marcou o último ensaio da partida e fixou o resultado final em 5-40.

Crédito: Rugby Europe

Portugal v Espanha

No segundo jogo do dia, Portugal defrontou a Espanha, selecção que tinha conquistado a medalha de bronze na edição deste ano do Rugby Europe Championship.

Espanha começo jogo por cima e marcou o primeiro ensaio com dois minutos de jogo. Portugal não conseguiu responder e trinta segundos depois, de novo pela ala direita, a selecção Espanhola marcou o segundo ensaio. Desta vez, não convetido e o marcador mostrava 0-12 com quatro minutos para jogar na primeira parte.

Portugal apresentava dificuldades em sair do seu meio campo defensivo e com dois minutos para jogar, Espanha ganha um scrum e marca o terceiro ensaio da partida. Já com o relógio no zero, Mariana Santos recebe a bola no lado esquerdo do ataque lusitano e depos de correr 40 metros, consegue marcar. Ao intervalo, 5-17.

Crédito: Rugby Europe

Portugal começou a segunda parte com mais bola mas, contra a corrente do jogo, Espanha chegou ao quarto ensaio. Dois side-steps muito bons tiraram duas defensoras Portuguesas do caminho e depois foi só correr sem oposição para marcar entre os postes. No entanto, Portugal respondeu de imediato, desta vez por intermédio de Mariana Marques que marcou na ponta direita depois de um bom esforço individual. Ensaio não convertido e 10-24 no marcador.

Depois deste ensaio, Espanha começou a pressionar ainda mais e viria a marcar mais duas vezes, fixando o resultado final em 10-38.

Crédito: Rugby Europe

Portugal v Suécia

O último jogo de Portugal na fase de grupos foi contra a bem conhecida selecção da Suécia, equipa que as comandades de João Moura tinham defrontado por quatro vezes nas duas etapas do Rugby Europe Trophy. Uma vitória colocaria a equipa Portuguesa nos quartos de final e na luta por um lugar na África do Sul.

Portugal entrou com muita atitude e com vontade de mostrar serviço mas foi preciso esperar até ao terceiro minuto de jogo para marcar: scrum ganho no centro do campo e a capitã Daniela Correia a correr a distância e a marcar. Isabel Ozório acrescentou os extras e Portugal passava para a liderança.

A equipa da Suécia respondeu de seguida e marcou na ala esquerda, reduzindo a difereça para dois pontos apenas. Com o relógio no zero, Maria João Costa marcou o segundo ensaio lusitano: oval bem trabalhada a passar por todas as jogadoras, rugby bem apoiado, sem hipóteses para a defesa Sueca. Ao intervalo, 14-5.

Crédito: Rugby Europe

A segunda parte traria ainda mais ensaios que a primeira. No reatamento, Isabel Ozório trabalha muito bem no centro do campo, atraindo duas jogadoras contrárias antes de entregar em Matilde Goes na ala esquerda. A número 6 corre mais de meio campo e marca à vontade.

Num jogo muito frenético, a equipa Sueca recupera a oval no pontapé de saída e, apesar do esforço defensivo de Portugal, consegue marcar mais um ensaio. 19-10, com três minutos para jogar. No entanto, Portugal não se deixou abater e Mariana Santos, após ganhar a oval no pontapé de saída, corre cerca de 50 metros e marca o quarto ensaio lusitano (e o seu terceiro da competição).

Ainda antes do apito final, ainda houve tempo para Leonor Amaral escrever o seu nome da lista de marcadoras e para Inês Spínola adicionar os extras, fixando o resultado final em 33 para Portugal, 10 para a Suécia.

Com esta vitória, Portugal estava nos quartos de final e se conseguisse bater a selecção da Irlanda, estava no Campeonato do Mundo.

Crédito: Rugby Europe

Portugal v Irlanda

O jogo que decidia a presença de Portugal no Campeonato do Mundo foi contra uma das potências do rugby feminino na variante de 7s, a selecção da Irlanda.

A selecção Irlandesa começou muito forte e a querer atacar desde o início mas Portugal batia-se bem e conseguia parar o poderoso ataque das suas oponentes. A resistência durou cerca de dois minutos e meio até que as jogadoras Irlandesas conseguiram arranjar espaço na defesa lusa e marcaram o primeiro ensaio (0-7).

Portugal não se foi abaixo mas a Irlanda jogava um rugby muito apoiado, com constantes offloads e marcaria novamente c menos de 3 mins para jogar (0-14). A equipa lusa terminou a primeira parte a atacar mas não conseguiu converter em pontos a posse de bola e foi de novo a Irlanda a marcar já com o relógio no zero. Ao intervalo, o marcador mostrava 0-21.

Na segunda parte, Portugal continuava a jogar bem mas a equipa irlandesa era muito forte e não dava espaços na defesa. Até ao final, marcariam mais duas vezes, establecendo o resultado final em 31-0.

Apesar do desnível no resultado, esta foi provavelmente a melhor exibição da equipa Portuguesa no torneio, contra uma equipa que sofreu um total de 0 (!) pontos durante todo o torneio. Todas as jogadoras e estrutura federativa devem sentir-se orgulhosos pela prestação e percurso desta equipa.

Crédito: Rugby Europe

O Linha de Ensaio falou com a capitã Daniela Correia sobre o torneio de qualificação:

Terceiro lugar na pool, qualificação para a knock-out stage e um pé na África do Sul. Que balanço faz deste torneio?

Ficamos no pior grupo; com a campeã da Europa, tivemos muitas dificuldades em reagir à Polónia, à intensidade e estilo de jogo. O segundo jogo foi um pouco melhor mas encontrámos uma Espanha com jogadoras muito rotinadas e com experiência internacional bem superior à nossa. 

O segundo dia foi bem melhor. Tínhamos definido que era obrigatório  classificarmos  como um dos melhores teceiros e este era o nosso jogo. Sabíamos exactamente o que era preciso fazer para vencer a Suécia. Começámos muito bem, tanto a defender como a atacar acabando por marcar cinco ensaios. Em dois detalhes deixámos que elas marcassem por duas vezes mas a vitória não nos fugia. 

O derradeiro jogo dos quartos de final era o que mais temíamos. A Irlanda é uma equipa de “outro mundo” mas a qual não viramos a cara à luta e tentamos defender a nossa área de ensaio com tudo o que tínhamos. Neste jogo sentimos a grande diferença que existe das equipas de elite para a nossa. 

Qual é o sentimento neste momento: frustração por não conseguirem um bilhete para a África do Sul ou satisfação por conseguirem ter chegado até aqui?

Obviamente que não nos sentimos satisfeitas, mas sabíamos as dificuldades e as diferenças que íamos encontrar. Enquanto atletas, almejamos sempre o expoente máximo, e, talvez por isso tenhamos sentido alguma impotência por estarmos tão perto dum campeonato do mundo mas que ainda não esteve ao nosso alcance. 

É urgente olhar as outras equipas e perceber o apoio das federações ao rugby feminino, às seleções  e às suas jogadoras. 

O que acha que faltou para conseguirem a classificação para o Campeonato do Mundo?

Eu enumero três grandes chaves para o conseguirmos num futuro próximo: disponibilidade física, experiência competitiva e semi-profissionalismo. Precisamos de criar condições internamente para que as jogadoras consigam treinar mais, competir mais e definirem o rugby de alta competição como uma prioridade. 

Com base nos resultados do Trophy e nesta prestação, quais são as perspectivas para o futuro desta equipa?

Nestes três torneios tivemos algumas estreias e jovens jogadoras com muito talento. Se aliarmos a isto um conjunto de ferramentas, não tenho dúvidas que nos vamos manter no Championship e ficar nos seis primeiros lugares. 

E termino dizendo que os melhores resultados dos sevens femininos ainda estão por vir. 

Foi o último jogo da Daniela pela Selecção de 7s. Que mensagem quer deixar?

Aproveito este espaço para agradecer tudo o que vivi nestes 12 anos a representar o nosso país internacionalmente. Dirigentes, fisioterapeutas, jogadoras, treinadores. Não me arrependo de absolutamente nada e tenho muito orgulho no nosso percurso. Foi um privilégio vestir esta camisola.
É o fim de um ciclo. Acredito que consegui deixar às mais novas a importância que é representar a nossa seleção e que deixei a camisola num lugar alto, onde também a encontrei.

Crédito: Rugby Europe

 

World Cup Qualifiers
7s Masculino