Jogos Europeus Masculinos: o que ficou e o que aí vem
Artigo escrito por: Redação
Comecemos pelo fim: 4ºlugar entre 12 equipas, entre as quais a 1ª (Irlanda) se apurou diretamente para os Jogos Olímpicos e a 2ª (Grã-Bretanha) e 3ª (Espanha) se apuraram para um Torneio de Qualificação Mundial que apurará mais uma equipa para Paris 2024.
Vamos ao que interessa!
Ao contrário da onda de negatividade que existe entre portugueses sempre que algum português tem sucesso lá fora, consideramos que a prestação portuguesa merece uma atenção especial e os devidos parabéns ao treinador Frederico Sousa, ajudado por Pedro Leal, e a todos os jogadores envolvidos na preparação da equipa (uma verdadeira equipa não só os convocados).
Com base nisto, importa algumas considerações gerais: Jogámos melhor rugby no Algarve e acabámos em 5º, fomos mais eficazes nos jogos que interessavam em Cracóvia e ficámos melhores classificados. Significa isto que nos 7s não interessa só jogar bem, mas ser eficaz nos jogos decisivos. Não aconteceu no Algarve, mas aconteceu neste último fim de semana.
A equipa de Frederico Sousa fez um belíssimo trabalho e nota-se, para os mais atentos, que a equipa executa o plano do treinador, que jogam como uma equipa e que, adaptando a estratégia aos adversários e às suas próprias limitações, o plano tem surtido efeito. Isto mostra o enorme sacrifício, dedicação e vontade que esta jovem equipa tem. Com menos recursos, jogadores, treinadores, managers, analistas e horas de treino!
Ficou, no entanto, evidente algumas das naturais fragilidades da equipa a jogar contra adversários superiores: o jogo no chão. Contra equipas 100% profissionais (Irlanda, Espanha e GB) foi aí que perdemos o jogo. Os irlandeses roubaram-nos 2 ou 3 bolas por contestarem o ruck e que, num jogo onde a posse de bola é chave, transformou-se em pontos. Os espanhóis procuraram fazer o mesmo. Posses de bola longas, sem erros, apoiados e sem darem grandes hipóteses à nossa valente defesa de recuperar a bola. Nos sevens é sinónimo de eficácia em grande parte das ocasiões.
De realçar que essa estratégia foi a que nós aplicámos aos georgianos e onde conseguimos o melhor jogo destes dois torneios. Mas se fosse fácil…
Fica para consideração, e não é novidade para quem mais de perto acompanha, o que estes jogadores podem fazer caso lhes sejam dadas outras condições. E fica também a ideia de que este torneio desapontou com um 4º lugar, mas, deixem-me dizer, que isso NÃO é verdade. Só o é para quem está sentado no sofá, que não tem de correr contra equipas profissionais e que depois ainda tem de estudar ou trabalhar. Porque o nosso único mal, foi termos criadas expetativas (legítimas) de conquistarmos um lugar olímpico. Expetativas essas que foram construídas por Frederico Sousa e pelos jogadores, não pela realidade da diferença que existe para a Irlanda, Grã-Bretanha, Espanha e até Alemanha.
Todos os jogadores tiveram boas prestações: José Paiva dos Santos, Manuel Marta, Rodrigo Freudenthal, João Afra Rosa, Diogo Coutinho, Frederico Couto, João Vaz Antunes e os reforços Manuel Fati, Manuel Vareiro, Vasco Câmara, Vasco Leite e Vasco Correia. Parece-nos que os reforços têm tido mais impacto, mas, entrando quase todos em simultâneo, precisariam de ter mais minutos para combater a muita entrega física necessária para os últimos dias.
Deixemos as críticas e correções para Frederico Sousa, que tão bem tem feito evoluir esta equipa, e para quem está dentro das quatro linhas.
Foram duas excelentes performances e a terceira também o será.
Um enorme agradecimento pelas prestações que em muito dignificaram Portugal!
Pela primeira vez nos últimos anos, com uma equipa se calhar menos capacitada individualmente, superámos as expetativas. Foquemo-nos nisso e que tenhamos de reescrever este artigo a elogiar-vos ainda mais.
Para aqueles que nos acompanham apenas gostávamos de relembrar que todos os comentários devem ser construtivos, adaptados à realidade das nossas seleções e sempre, sempre, para criar um ambiente positivo em torno do rugby português!
JUNTOS SOMOS MAIS FORTES