O rugby Português está bem e recomenda-se
Artigo escrito por: Nuno Madeira do Ó
Há pouco mais de três anos atrás, seriam poucos os que imaginariam que o rugby português estaria nesta situação: equipa de XV em lugares de qualificação para o próximo campeonato do mundo (França 2023) e a franquia dos Lusitanos XV em primeiro lugar da sua pool com o apuramento para as meias-finais quase garantido. Estávamos em 2018, numa solarenga tarde de Junho em Heidelberg (Alemanha), onde, após sanções sobre as seleções da Espanha e da Roménia (que se tinham qualificado para a competição), os Lobos tentavam o apuramento para a repescagem do campeonato do mundo de 2019, a ser disputado no Japão.
O rugby jogado em campo era muito desinspirado e a equipa anfitriã levou de vencida a equipa portuguesa. Portugal estava, mais uma vez, de fora do Campeonato do Mundo de rugby.
Cerca de um ano depois, e com a subida de Portugal ao Rugby Championship, o comando da seleção é entregue a Patrice Lagisquet. Com 46 internacionalizações pela seleção francesa, tinha sido considerado o melhor treinador em França no ano de 2006, depois de levar o Biarritz ao segundo título consecutivo. O seu objectivo: apurar Portugal para o próximo campeonato do mundo. Com ele, regressaram também à seleção os jogadores portugueses a actuar em Franca, no Top-14 e no Pro D2 e tudo mudou.
Do rugby praticado em 2018, só restam as memórias e nos dias que correm, o XV nacional pratica um rugby vistoso, rápido e apoiado, capaz de pôr em sentido seleções com outros pergaminhos, como se viu recentemente contra o Japão, na última janela de Outono.
A equipa (bem) capitaneada por Tomás Appleton, é bastante consistente e assenta o seu rugby numa mistura de jogadores experientes como Mike Tadjer (Perpignan), Samuel Marques (Carcassonne) e Rafael Simões (CDUL), e a juventude e irreverência de jogadores como José Madeira (Grenoble), Raffaele Storti (Stade Français Espoirs), Rodrigo Marta (Belenenses), Jerónimo Portela (Direito), ou Nuno Sousa Guedes (CDUL).
Portugal está neste momento no terceiro lugar (posição que levaria os Lobos a um playoff de qualificação) do Rugby Europe Championship, em igualdade pontual com a Roménia que ocupa o segundo posto e “basta” ter um ano de 2022 igual ao de 2021 para estar presente em França em 2023. O ideal seria acabar a fase de qualificação no segundo posto (e praticamente impossível apanhar a Geórgia no topo do grupo) para obter a classificação directa e marcar encontro em Bordéus, Paris e Lille com as seleções da Irlanda, Escócia e os actuais campeões do Mundo, África do Sul.
Lusitanos XV
2021 viu também a criação de uma nova competição da Rugby Europe – a Rugby Europe Super Cup, e o renascimento da franquia Lusitanos XV, equipa também comandada por Patrice Lagisquet e que só pode utilizar jogadores que actuam em Portugal. Os Lusitanos partilham um grupo com os Iberians (Espanha), Delta (Paises Baixos) e Devils (Bélgica) e somam por vitórias os quatro jogos disputados até agora.
Esta competição permite ao seleccionador nacional dar minutos num contexto internacional aos jovens que actuam no campeonato nacional e já provou que jogadores como Jorge Abecassis, Pedro Lucas, José Santos e Xavier Cerejo (estes dois ultimos titulares da equipa de sub-20 que acabou derrotada na final do ultimo Rugby Europe Championship sub-20) estão prontos para assegurar o futuro da seleção nacional.
Ainda não há calendário para o Rugby Europe Championship de 2022 mas os Lusitanos XV jogam dia 4 de Dezembro contra os Brussels Devils em Lisboa, num jogo que pode selar a passagem às meias finais da Rugby Europe Super Cup.
O futuro parece risonho para as cores nacionais e enche de esperança os adeptos (cada vez em maior número) do rugby Português que esperam poder estar em França a apoiar a sua equipa, naquela que seria a segunda participação num Campeonato do Mundo da modalidade.