Jogador do CDUL, Lusitanos XV e Selecção Nacional.
O Linha de Ensaio teve o prazer de conversar com Rafael Simões, descobrir um pouco mais sobre a sua carreira e planos para o futuro.
Nome: Rafael Simões
Idade: 30 anos
Internacionalizações: 17
Clube: CDUL
Quick round:
Clube preferido? Dos clubes em que passei, encontrei pessoas extraordinárias em todos eles e isso é o que faz de um clube especial, são as pessoas.
Seleção que mais gostas de ver jogar?
Neste momento a França mas a Nova Zelândia é a Nova Zelândia.
Jogadores preferidos (Português e estrangeiro)? Há características de alguns jogadores que fazem deles jogadores de referência para mim: Bakkies Botha, Richie McCaw, Pieter Steph Du Toit, Juan Smith, Justin Tipuric, Vasco Uva, Gonçalo Foro
Momentos mais alto da carreira: O primeiro jogo pela Selecção e o jogo contra o Japão.
Com que idade é que começaste a jogar rugby? Como é que entraste neste desporto?
Comecei a jogar com 15 anos. Pratiquei vários desportos quando era mais novo mas não houve nenhum que me cativasse e, a certa altura, o meu pai levou-me a um treino de rugby e foi até hoje.
Quais são as principais diferenças entre o rugby em Portugal nessa altura e agora?
Acho que o rugby a nível nacional tem evoluído face ao que era há 15 anos atrás – também era muito mau se assim não fosse. Acho também que os clubes estão, cada vez mais, à procura de melhorar as condições para os seus atletas e a Federação deu, para mim, um passo muito importante na criação da Rugby TV. Penso que pode vir a ser uma ponte para novos patrocinadores, o que fará com que haja mais investimento e, por sua vez, uma evolução mais em escala.
A nível de selecção nacional, o que mudou nos últimos anos? Existe uma grande diferença entre a Selecção actual e a que jogava no Rugby Europe Trophy?
A selecção nacional tem passado por momentos muito complicados nos últimos anos, principalmente na passagem da equipa que foi ao mundial, mas o facto de termos tido camadas jovens tão fortes nos últimos 4-5 anos fez com que a selecção desse este salto tão importante para o rugby Português.
Que balanço fazes destes últimos dois anos? Estivemos quase fora do Campeonato do Mundo e agora foi-nos dada uma última oportunidade. Quais são as expectativas para esse playoff? Como se prepara para um mini-torneio de tanta importância como este?
O balanço era claramente positivo mesmo antes de saber desta última decisão da World Rugby. Foram dois anos de grande sacrifício e, muitas vezes, o que nos valeu foi o grupo e é isso que levamos depois de tudo isto. As expectativas só passam por ganhar, não há mais hipóteses. A preparação para um torneio assim não faço ideia como será, mas vai custar, isso tenho a certeza ahah.
Quais são os teus planos para o futuro? Quanto tempo mais pretendes jogar?
Os meus planos mudaram um bocado, já me estava a mentalizar para jogar apenas até ao próximo mundial. Com esta reviravolta, vai depender muito de do que fizemos no playoff. Se formos, provavelmente faço mais uns anos depois do Campeonato do Mundo e depois arrumo as botas.
Como é uma semana típica para ti a nível de treinos e preparação? Como consegues conjugar isso com a tua carreira profissional?
A minha semana típica: 2a feira – ginásio + treino; 3a feira – ginásio; 4a feira – treino; 5a feira – ginásio + treino; 6a feira – descanso; Sábado – Jogo
Não é fácil conjugar o trabalho com a preparação dos jogos internacionais porque muitas vezes os treinos são a meio da manhã e a meio da tarde, o que dificulta muito. No entanto, tenho conseguido porque também tenho a sorte de estar a trabalhar numa empresa onde os sócios estão ligados ao rugby e sempre me apoiaram nesse sentido.
Tens jogado também bastante pelos Lusitanos. Que opinião tens em relação a esse projecto?
Acho uma óptima aposta por parte da Federação. É um apoio importantíssimo à selecção nacional e permite que joguemos a um nível superior, comparado com o que temos no campeonato nacional ao longo da época.
Os Lusitanos chegaram à final e acabaram por perder por apenas 3 pontos contra os Black Lion. Como é que olhas para esse resultado?
O resultado foi uma pena, mas saímos de cabeça levantada. Apresentámos um rugby muito mais atrativo e não nos deixámos intimidar pela outra equipa, que tem metade dos jogadores na selecção Georgiana. Tivemos momentos do jogo, principalmente na melee, que não nos permitiu fazer mais do que aquilo que fizemos, mas são estes momentos que nos fazem crescer e tenho a certeza que para o ano vamos estar muito mais fortes.
O que achas que faz falta ao rugby nacional para atingir o patamar seguinte?
O que faz os desportos evoluírem é a profissionalização, mas em Portugal acho muito difícil isso acontecer. Numa perspectiva mais realista seria muito bom tentar transmitir jogos nos canais de desporto para assim tentar cativar algum investimento, pois esse investimento só vai existir quando tivermos alguma visibilidade.
Olhando para trás, ha alguma coisa que farias diferente na tua carreira?
Provavelmente mudaria o facto de me ter desleixado a certa altura, o que fez com que fosse mais difícil voltar a este nível, mas estas vivências fazem parte. Aprendi e cresci com isso.
O Linha de Ensaio é um projecto relativamente novo mas existe alguma área que acharias interessante que nos focássemos?
É um projeto muito bom, estão de parabéns! Nós, jogadores, só temos a agradecer.