Janela de Outono
Portugal perde com a Suécia (5-7) em jogo da janela de Outono.
Artigo escrito por: Nuno Madeira do Ó
O melhor: Portugal apresentou um XV com bastantes novidades e as jogadoras que foram chamadas a intervir mostraram ao treinador João Moura que são opções válidas para o que aí vem. As Lobas têm uma equipa jovem, com várias opções para (quase) todas as posições, incluindo as oito jogadoras que se estrearam nesta partida: Ana Fernandes, Mariana Honório, Catarina Ribeiro, Matilde Goes, Maria Branco, Cátia Almeida, Teresa Pereira e Inês Barbosa.
O menos bom: não foi um grande jogo de rugby, com muitos erros de parte a parte (knock-ons, alinhamentos, penalidades no breakdown). Portugal tem que melhorar em alguns aspectos do seu jogo para não passar por situações semelhantes no futuro, o que pode comprometer a subida ao Rugby Europe Championship e travar a (excelente) progressão que esta equipa tem feito até agora.
Melhor em campo: Portugal teve algumas jogadoras em bom nível nesta tarde de Novembro. Catarina Ribeiro, para além de estar envolvida no ensaio marcado, causou bastantes problemas à defensiva sueca e esteve muito bem no plano defensivo. Yara Fonseca, marcou um ensaio e esteve muito, muito perto de marcar outro, abrindo muito espaço com as suas arrancadas. No entanto, o prémio de melhor em campo vai para Ana Freire. A segunda linha portuguesa esteve impecável no plano defensivo, com várias placagens dominantes e limpando rucks. Para além disso, de cada vez que pegava na bola ganhava bastantes metros com a sua passada larga, e mesmo depois de contacto, continuava a progredir e estava sempre pronta a fazer o offload para a colega que tivesse mais próxima. Dominante.
Foi no Jamor que Portugal recebeu a Suécia, num jogo de preparação nesta janela de Outono e que serviu para o treinador João Moura testar novas opções na equipa lusitana. Em relação ao jogo contra a Bélgica (a contar para o Rugby Europe Trophy), foram treze as mudanças: na primeira linha, a única jogadora a manter o lugar foi Beatriz Rodrigues (que passou para pilar), com Inês Marques e Carlota Torres a agarrar as camisolas 2 e 3, respectivamente. Na segunda linha, Ana Freire e Ana Fernandes formavam uma nova dupla e na terceira linha, havia também uma nova combinação com Raquel Costa, Maria Teixeira e Arlete Gonçalves a jogarem a seis, sete e oito, respectivamente.
Nas 3/4s, Maria Vasquez e Beatriz Oliveira pegavam na batuta do jogo a 9 e 10, enquanto que Matilde Goes (11), Mariana Honório (12), Catarina Ribeiro (13) e Yara Fonseca (14), completavam o leque de novas caras no XV inicial. A única jogadora a repetir a chamada foi a capitã Daniela Correia, com a habitual camisola 15.
Os primeiros cinco minutos da partida foram muito equilibrados, com as duas equipas a acusarem algum nervosismo e a cometerem bastantes erros de posse. Portugal tinha mais posse e jogava dentro do meio campo sueco, mas não conseguia traduzir esse domínio em situações de perigo. À semelhança do jogo contra a Bélgica e apesar de ter um pack totalmente novo, o scrum português era muito dominante e ganhava várias penalidades. Numa dessas situações, Daniela Correia rematou aos postes mas o pontapé saiu ligeiramente ao lado e o marcador permaneceu inalterado.
Foi preciso esperar até aos 19 minutos para ver os primeiros pontos do jogo: Portugal ganhou o turnover no chão com Beatriz Oliveira a fazer um excelente passe interior para Matilde Goes que ganhou vários metros no campo. Catarina Ribeiro fez a oval chegou a Yara Fonseca na ala direita do ataque que marcou o primeiro ensaio da partida. Ensaio não convertido e 5-0 no marcador.
Depois do ensaio lusitano, a Suécia tentava responder e tinha mais posse de bola, mas sem conseguir causar perigo para a linha portuguesa. O jogo continuava meio atabalhoado, mas a ser principalmente jogado na metade da equipa visitante. Foi preciso esperar até aos 40 minutos para que a equipa sueca entrasse pela primeira vez nos 22 portugueses mas as Lobas conseguiram ganhar uma penalidade no solo e mandaram as equipas para os balneários com o resultado em 5-0.
Portugal entrou com vontade de dominar a segunda parte e Ana Freire com duas boas arrancadas conquistou alguns metros e mostrou como se conseguia desmontar a defesa sueca. Portugal não conseguiu converter em pontos o domínio em campo e após os primeiros 10 minutos, a seleção sueca voltou a equilibrar a partida. No entanto, era muito lenta a partir do ruck e o rugby jogado era muito previsível.
Apesar de conseguir manter a equipa sueca fora dos seus 22, Portugal não conseguia manter posse de bola e continuava a cometer bastantes knock-ons. Após 61 minutos, após largos minutos em posse, a equipa sueca ganhou uma penalidade a cerca de 10m da linha de ensaio. Bola para alinhamento (ganho), maul e ensaio. Com a conversão também marcada, a Suécia passava para a frente do marcador (5-7).
Dois minutos depois, Yara Fonseca recebeu a bola do lado direito do ataque luso, tirou duas adversárias do caminho e correu para lá da linha de ensaio. No entanto, quando se preparava para tocar com a bola no chão, foi interrompida por duas contrárias e não o conseguiu fazer. Uma perdida incrível e que poderia ter dado a vitória na partida.
Portugal não baixava os braços e tentava de tudo para conseguir marcar. Num final de jogo impróprio para cardíacos, as trocas de posse eram constantes e Portugal empolgava os adeptos que se tinham deslocado ao Jamor. Já com o relógio no vermelho, a Suécia não conseguia colocar a bola fora e Portugal atacava. Fase atrás de fase, alternando o pick and go com jogadas em velocidade, as Lobas tentaram de tudo mas este era um daqueles dias em que não era para ser. Com um passe a eventualmente sair pela linha lateral, a árbitra da partida deu o jogo por terminado.
Apesar da derrota, foi um jogo importante para a seleção Portuguesa que testou várias jogadoras novas e aumentou as opções para os jogos a “doer” que 2023 vai trazer.
O Linha de Ensaio falou com Beatriz Rodrigues sobre a partida:
Foi um jogo muito equilibrado onde, apesar de Portugal ter perdido, ficou a sensação que podíamos ter ganho. Qual a tua opinião sobre a partida?
Sabíamos desde o início que seria um jogo muito duro fisicamente e entrámos dentro de campo muito focadas e com o objetivo de ganhar! Tivemos uma primeira parte sempre a dominar, apesar de não se refletir no resultado. O facto de termos conseguido aplicar o nosso plano de jogo, principalmente o jogo aberto e ter boas linhas de corrida, aliado à nossa coesa formação ordenada, foram boas ferramentas para conseguirmos controlar o jogo. No entanto, teremos de melhorar no apoio à jogadora com bola e no jogo no chão, que por vezes nos deixou em dificuldades.
A meio da segunda parte a Suécia deu um salto, deu velocidade ao jogo e foram muito fortes no impacto, o que levou ao ensaio! Nos últimos minutos Portugal queria corrigir e tivemos muito bem mas não tivemos o sucesso que queríamos, é um sentimento agridoce porque apesar do resultado saímos de campo a acreditar cada vez mais no processo que estamos a criar!
A Suécia está no Championship, onde Portugal pretende estar num futuro muito próximo. Que lições pode a equipa tirar para os jogos que aí vêm?
Sim o nosso objetivo é estar no Championship, sem nunca tirar o foco do trabalho contínuo entre jogos!
Com cada jogo ganhamos mais experiência, e mais ferramentas, para estudarmos o nosso desempenho e reação quando competimos com equipas com estruturas e planos de jogo diferentes. Isto permite-nos obter uma melhor visão daquilo em que precisamos de trabalhar para ser melhores e jogarmos nessa competição!
O que podemos esperar da Selecção para 2023 e para os restantes jogos do Trophy?
Uma seleção cada vez mais forte, com mais experiência, e com vontade de querer fazer mais e melhor!
Não tenho a menor dúvida que este grupo tem o objetivo de elevar o rugby feminino português onde nunca esteve, e estamos conscientes do trabalho individual e coletivo que precisamos de fazer! De jogo para jogo ganhamos cada vez mais essa vontade de trabalhar, de sermos exigentes tanto individual como coletivamente para chegar ao nosso objetivo.