Perante uma assistência de 11 mil espetadores em Coimbra, os Lobos discutiram o resultado até ao fim, contra a 10ª seleção do ranking mundial.
Artigo escrito por: Rui Neto Fernandes
O melhor: Um dia memorável para o rugby nacional: uma exibição de gala dos Lobos, que se bateram de igual para igual contra o Japão e uma grande afluência de espetadores que apoiaram a seleção até ao fim.
O menos bom: O ensaio de Yamanaka aos 80 minutos, que sentenciou o jogo e impediu que se fizesse história em Coimbra, numa altura em que a seleção portuguesa perdia por apenas 5 pontos e pressionava o Japão na tentativa de chegar ao ensaio que poderia dar a vitória..
Melhor em campo: Infelizmente, o defesa japonês Ryohei Yamanaka: muito seguro, sobretudo nas bolas aéreas, sempre a imprimir uma grande dinâmica ao jogo japonês e autor do ensaio que sentenciou a partida.
Na equipa nacional é difícil apontar um jogador que se tenha claramente destacado, a exibição dos Lobos alicerçou-se no empenho e qualidade coletiva.
O pôr-do-sol dava espectáculo no céu de Coimbra e contrastava com as capas negras que os estudantes da cidade estendiam no relvado do estádio, dando as boas vindas às duas equipas num final de tarde de um Novembro ainda morno.
A Seleção Nacional defrontou o Japão, 10ª seleção do ranking mundial e certamente que quem se deslocou a Coimbra não deu o seu tempo por perdido. Foram 11 mil espetadores que apoiaram incansavelmente os Lobos, que não defrontavam uma equipa do Tier 1 desde o Mundial de França em 2007. Quem, no entanto, considerava à partida que o jogo seria de sentido único falhou claramente a sua previsão, tal a resposta dada pela seleção portuguesa e a forma como encarou o jogo.
O Japão adiantou-se no marcador logo aos 3 minutos quando o ponta Siosaia Fifita finalizou um movimento de ataque inteligente iniciado por uma boa abertura ao pé pelo número 10 Rikiya Matsuda, após um alinhamento.
Portugal reduziu através de um pontapé de penalidade convertido por Samuel Marques aos 16 minutos e colocou-se na frente do marcador à passagem do minuto 22: o médio de formação português cobrou de forma perspicaz e rápida uma penalidade, saindo a jogar à mão, e serviu José Lima para o primeiro ensaio Luso. Portugal 8, Japão 5.
O Japão correu atrás do prejuízo e com 3 pontapés de penalidade convertidos por Matsuda aos 26, 31 e 35 minutos adiantou-se de novo no marcador.
Samuel Marques ainda reduziu para os Lobos com nova conversão de penalidade aos 37 minutos, mas a primeira parte não acabaria sem o 2º ensaio marcado pelo Japão. Aproveitando uma desatenção da defesa portuguesa, o centro Shogo Nakano quebrou a linha dos Lobos e marcou o ensaio que levou o jogo para intervalo com o resultado 11-21. Ficou a dúvida se o ensaio do Japão não teria sido antecedido de um passe para a frente, mas o árbitro Andrew Brace recorreu às imagens televisivas e validou o ensaio.
Na 2ª parte, aos 41 minutos, o experiente asa japonês Michael Leich viu um cartão amarelo depois de uma placagem alta. Portugal aproveitou para pressionar o adversário, optando por jogar o alinhamento em penalidades consecutivas. Este esforço deu frutos aos 45 minutos quando Mike Tadjer finalizou uma jogada em maul dinâmico. De valorizar o trabalho executado pelo pack avançado português durante todo o jogo, equilibrando e até superiorizando-se aos avançados japoneses.
Aos 52 minutos, e após um alinhamento de introdução portuguesa conquistado pelo Japão, o talonador Kosuke Horikoshi recebeu a bola, correu pela defesa lusa e permitiu a finalização do ensaio pelo número 7 Kazuki Himeno.
Os Lobos não desistiram e aos 59 minutos, na sequência de várias jogadas de pick-and-go na área de 5 metros japonesa, João Granate converteu o ensaio que colocou o resultado em 25-28.
O médio de abertura Matsuda converteu mais um pontapé de penalidade aos 62 minutos e aos 76 minutos o jogador japonês Isilei Nakjim viu um cartão amarelo após uma placagem alta sobre Manuel Cardoso Pinto, que tinha, entretanto, entrado para defesa.
Com o resultado em 25-31, Portugal acreditava que seria possível marcar mais um ensaio e fazer história em Coimbra e esta possibilidade ia surgindo aos 78 minutos: grande iniciativa de Cardoso Pinto, que transmitiu para Rodrigo Marta abrir ao pé e criar uma boa oportunidade de marcar. Um toque para a frente de um jogador japonês na mesma jogada originou uma formação ordenada aos 5 metros que os Lobos não aproveitaram.
E foi nesta fase, em que os Lobos pressionavam na perseguição do ensaio que daria a vitória, que o defesa Ryohei Yamanaka intercetou um passe de Jerónimo Portela e seguiu isolado para selar o 25-38 final.
Apesar da derrota, ficou na memória de todos os que tiveram o privilégio de assistir ao jogo em Coimbra a excelente tarde de rugby e a enorme exibição dos Lobos, que justificaram plenamente que merecem estar no Mundial em 2023. A enorme afluência de público a este jogo demonstrou, uma vez mais, que esta modalidade conquista cada vez mais adeptos em Portugal.