Estreia da seleção portuguesa no Rugby Europe Championship de 2023 com uma vitória por 54-17 sobre a Bélgica.
Artigo escrito por: Rui Neto Fernandes
O melhor: Sem efetuar uma exibição brilhante, os Lobos conseguiram uma vitória fácil frente à Bélgica muito alicerçada no ritmo explosivo da linha de ¾ , que criou sempre muito perigo para os adversários, mas também na boa resposta dos avançados ao jogo mais físico belga.
O menos bom: Os minutos finais da primeira parte, em que Portugal (que na altura, diga-se, já tinha conseguido 4 ensaios) baixou a intensidade do jogo e permitiu à Bélgica marcar 10 pontos, a maioria obtida à custa de erros lusitanos.
Melhor em campo: Rodrigo Marta. O ponta português, que está a fazer uma excelente temporada em França ao serviço do US Dax, demonstrou uma vez mais a sua qualidade pela forma como conseguiu aproveitar os espaços da defesa contrária, marcando um ensaio e quebrando por diversas vezes a linha de vantagem, em ações atacantes que criaram muitas dificuldades aos belgas.
O novo modelo do Rugby Europe Championship, com o alargamento de 6 para 8 equipas, entrada de Polónia, Alemanha e Bélgica na competição (com exclusão da Rússia que continua banida das provas internacionais) e a criação de 2 grupos de 4 equipas com apuramento para a fase final dos 2 primeiros classificados, fazia antever que em alguns jogos deste ano a diferença de qualidade entre as seleções se tornaria mais evidente. E de facto ficou demonstrado no jogo disputado sábado no Jamor que a seleção portuguesa está, neste momento, num nível bem superior em relação à sua congénere belga.
Patrice Lagisquet, consciente desta diferença e também em preparação dos confrontos que se seguem, nomeadamente frente à Roménia, optou por deixar de fora alguns dos jogadores mais utilizados nos últimos jogos, com destaque para Mike Tadjer e Francisco Fernandes da primeira linha, Steevy Cerqueira da segunda linha e o médio de formação Samuel Marques, a que se juntou Rafaelle Storti, impedido de ingressar a convocatória por lesão.
Os jogadores que alinharam neste jogo, no entanto, corresponderam totalmente à chamada, conseguindo uma vitória tranquila mesmo sem necessidade de imprimirem muita intensidade ao jogo luso.
Foi sem surpresa que logo aos 5 minutos Vincent Pinto marcou o primeiro ensaio para Portugal após uma quebra de vantagem de Rodrigo Marta e combinação com José Lima. Aos 10 minutos, após uma boa jogada de perfuração, o centro português do Narbonne combinou com Marta no lado fechado, com o ponta a marcar o 2º ensaio do jogo.
5 minutos volvidos, num erro inacreditável da equipa da Bélgica na saída de uma bola do ruck dentro dos seus 22, Nicolas Martins obteve o 3º ensaio para os Lobos. Nuno Sousa Guedes, que assumiu neste jogo a função de chutar aos postes, converteu todos os ensaios e colocou o marcador em 21-0.
A Bélgica tentava responder e impor um jogo mais físico mas as suas tentativas tiveram sempre uma excelente resposta dos avançados portugueses, com destaque para José Madeira e João Granate que forçaram os belgas a cometerem muitas faltas no breakdown. Mais atrás, a linha recuada de Portugal criava estragos sempre que acelerava o jogo – é um luxo ter a jogar um “trio de trás” com a qualidade de Marta, Sousa Guedes e Vincent Pinto e ainda poder contar com Storti ou Manuel Cardoso Pinto – e aos 20 minutos José Lima marcou mais um ensaio após assistência de Nuno Sousa Guedes.
Quando se pensava que os Lobos iam embalar para uma vitória expressiva, a seleção portuguesa abrandou o ritmo de jogo e cometeu alguns erros não-forçados que permitiram aos belgas reduzir no marcador, primeiro por uma penalidade convertida por Florian Remue e depois com um ensaio marcado pelo ponta Andre Victor.
Ao intervalo o placard assinalava 26-10 para os Lobos.
Na segunda parte os Lobos voltaram a carregar no acelerador e aos 45 minutos, numa jogada incrível de Rodrigo Marta que fugiu a duas placagens, o 11 luso assistiu João Belo para um ensaio entre os postes. Nuno Sousa Guedes entrou para a lista de marcadores de ensaios 4 minutos depois ao concluir uma jogada iniciada por Pedro Lucas. O médio de abertura português entrou para o lugar de João Belo no início da segunda parte e esteve em grande evidência, vindo a marcar o 6º ensaio português numa jogada em que captou a bola do ruck e aproveitou o espaço fechado para fugir à defesa belga.
Lionel Campergue, numa jogada em maul, fechou as contas para os Lobos e a Bélgica ainda reduziu aos 69 minutos num ensaio marcado por Hugo de Francq.
Na próxima jornada, os Lobos deslocam-se à Polónia para no fim-de-semana seguinte receberem no Jamor a Roménia, no jogo que será provavelmente a “final” do grupo e decidirá quem passa em primeiro às meias-finais do Rugby Europe Championship.