A seleção portuguesa disputou o jogo mas à semelhança de encontros anteriores quebrou nos 20 minutos finais e acabou derrotada por 35-52.
Artigo escrito por: Rui Neto Fernandes
O melhor: Portugal conseguiu disputar o resultado até meio da segunda parte graças sobretudo a várias ações coletivas da linha de ¾. Destaque também para a disputa da formação ordenada, sendo evidente a correção de falhas que no jogo anterior (Itália) resultaram em muitos pontos para o adversário.
O menos bom: À imagem dos últimos encontros, Portugal voltou a quebrar nos 20 minutos finais consentindo 2 ensaios transformados e uma penalidade que confirmaram a vitória argentina. Os Lobos evidenciaram ainda alguma dificuldade em manter a linha de vantagem, face ao poder de arranque os médios argentinos, e também no controlo do maul.
Melhor em campo: Manuel Cardoso Pinto. A escolha do homem do jogo foi dividida entre o ponta português e Nuno Sousa Guedes, tendo ambos realizado um excelente jogo. No entanto, Manuel Cardoso Pinto pareceu sempre mais “esclarecido”, com várias ações a quebrar a linha de vantagem argentina, um ensaio marcado e uma “assistência” ao pé para o 3º ensaio luso.
No estádio do Restelo, uma semana depois da derrota tangencial com a Itália, os Lobos receberam a Argentina XV, a 2ª seleção de rugby do pais sul-americano considerada uma “rampa de lançamento” de jogadores para a seleção principal, os Pumas.
Os argentinos apresentaram-se em Belém praticamente com a mesma equipa que tinha derrotado na semana anterior a Geórgia em Kutaisi por 24-30 e onde se encontram jogadores como Tomás Lezana, Tomás Albornoz ou Mateo Carreras.
Portugal entrou mal no jogo e os argentinos passaram os primeiros 5 minutos a pressionar continuamente a seleção nacional culminando no ensaio de Mateo Carreras, que inaugurou o marcador.
Os Lobos responderam rapidamente com Nuno Sousa Guedes a abrir caminho pelo meio seguindo-se largos minutos com Portugal instalado nos 22 metros adversários. Após insistência, um ótimo trabalho do pack avançado que permitiu a Rafael Simões marcar. Samuel Marques converteu o ensaio e empatou o encontro.
Aos 14 minutos um erro no alinhamento argentino deu aos Lobos uma formação ordenada no meio-campo. Numa rápida saída de bola, Nuno Sousa Guedes correu pela esquerda e no limite lançou um grubber para o meio do terreno. Raffaele Storti, mais rápido que os adversários, captou a oval e marcou o segundo ensaio para Portugal.
Momentos depois, um contra-ataque de Tomás Lezana acabou com a bola em Albornoz que descobriu Mateo Carreras à direita numa abertura ao pé. O ponta argentino captou a bola, mas uma placagem in extremis de Rodrigo Marta, já na área de validação, provocou o knock-on e impediu o ensaio. Uma penalidade convertida por Samuel Marques a 40 metros dos postes – o médio de formação português voltou a mostrar uma eficácia tremenda no jogo ao pé – colocou o resultado em 17-7 aos 18 minutos de jogo.
A Argentina respondeu 4 minutos volvidos com um ensaio de Santiago Socino após um off-load de Francisco Gorrissen mas Samuel Marques, novamente com uma penalidade convertida desta vez da linha de meio-campo, fez 20-14 para os Lobos. Aos 30 minutos Raffaelle Storti voltou a marcar um ensaio, muito semelhante ao segundo português. Desta feita foi Manuel Cardoso Pinto a abrir ao pé da esquerda para o meio, com o ponta português a antecipar-se novamente e a conseguir o ensaio.
A primeira parte não terminaria sem mais um ensaio para os argentinos com Mateo Carreras a passar no meio de 6 jogadores lusitanos e a colocar o resultado em 25-21 ao intervalo.
O jogo estava disputado, com muitas oportunidades para cada lado mas o público do Restelo começava a acreditar que Portugal podia sair de Belém com a vitória. Esta ideia ficou mais evidente quando na primeira jogada da segunda parte, uma arrancada de Sousa Guedes quebrou completamente a linha argentina e, após o breakdown, a oval chegou a Manuel Cardoso Pinto que se desembaraçou bem dos defesas contrários e fez o ensaio.
Minutos depois uma corrida de Cardoso Pinto da ala para o meio levou a bola até ao capitão Tomás Appleton que foi parado muito perto da linha de ensaio. Uma abertura larga para a esquerda fez a oval chegar a Sousa Guedes que perdeu o controlo da mesma quando mergulhava para mais um ensaio português.
A equipa argentina recuperou a bola, avançou no terreno e Mateo Carreras conseguiu o hat-trick aos 51 minutos. Aos 55 minutos, e através de um maul, a seleção argentina marcou o seu 5º ensaio passando para a frente do marcador por 32-35.
A partir desta altura Portugal praticamente “desapareceu” do terreno de jogo. Samuel Marques ainda converteu uma penalidade aos 59 minutos empatando o resultado, mas a Argentina conseguiu mais 2 ensaios, aos 71 minutos por Lucas Mensa e aos 79 minutos por Nicolas D’Amorim que tinha entrado para a 3ª linha. Uma penalidade que entretanto tinha sido convertida por Gerónimo Prisciantelli fez com que o jogo terminasse com 35-52 no marcador.
À semelhança de outros jogos recentemente disputados pelos Lobos – Itália (31-38), Geórgia (25-25), Roménia (27-28 e 37-27) ou mesmo Japão (25-38) – ficou a ideia que a seleção nacional poderia ter conseguido uma vitória, mas desperdiçou mais uma oportunidade nos minutos finais.
Foi, no entanto, um valiosíssimo jogo de preparação para o torneio final de repescagem para o Mundial de 2023, que se vai jogar em Novembro.