Super Cup Final
Lusitanos deixam escapar a vitória na final da primeira edição da Rugby Europe Super Cup.
Artigo escrito por: Nuno Madeira do Ó
O melhor: Jogo muito disputado até ao final, com constante trocas no marcador e que proporcionou um grande espectáculo a quem assistiu.
O menos bom: a formação ordenada dos Lusitanos. Se a lição para parar as maul da equipa georgiana foi muito bem estudada, a mesma não funcionou muito bem para contrariar o poderio dos Black Lion nas formações ordenadas. Sete penalidades no scrum que resultaram num cartão amarelo e bastantes oportunidades de perigo para a equipa visitante e que custaram o troféu.
Melhor em campo: do lado Português, Rafael Simões esteve em grande destaque (principalmente na primeira parte), com carries muito importantes a abrir buracos na defensive georgiana. Nuno Sousa Guedes também causou bastante calafrios à defesa georgiana e Tomás Appleton esteve muito bem, tanto a atacar como a defender. No entanto, o prémio de melhor em campo vai para Tengiz Peranidze. O médio de formação georgiano esteve muito bem a comandar a formação ordenada da sua equipa e marcou o crucial segundo ensaio da sua equipa.
No rugby costuma-se dizer que os avançados ganham os jogos e os três quartos decidem por quanto. Foi exactamente isso que aconteceu hoje no Jamor, na final da primeira edição da Rugby Europe Super Cup onde os Lusitanos perderam contra os georgianos Black Lion por 14-17.
Para além de ser uma final, era um jogo de especial interesse que fazia lembrar o Geórgia v Portugal a contar para o Rugby Europe Championship 2022 e que terminou com um empate a 25. Neste caso, apenas jogadores que competissem no país podiam jogar mas cerca de dois terços dos jogadores de cada equipa tinham estado presente no embate de Tblissi.
O início do jogo foi muito equilibrado, com as duas equipas a recorrerem bastante ao jogo de pé e a tentar forçar erros na equipa adversária. Os Lusitanos tinham mais bola mas a defesa dos Black Lion estava sempre muito coesa e não abria espaços aos atacantes portugueses.
Aos 10 minutos de jogo a equipa visitante ganhou um alinhamento e tentou progredir em maul. Os Lusitanos conseguiram pará-la mas os Black Lion, através de vários pick and go conseguiram cruzar a linha de ensaio por intermédio do número oito Luka Ivanishvili. Ensaio convertido e 0-7 no marcador.
A equipa dos Lusitanos reagiu de imediato e aos 14 minutos quase marcou depois de uma arrancada de Rafael Simões. Aos 17 minutos o mesmo Rafael Simões aguenta a pressão de três defesas georgianos e ganha bastantes metros no campo. Com a bola a sair muito rapidamente do ruck, os Lusitanos conseguiram abrir espaço na defesa contrária e foi Manuel Cardoso Pinto na ala esquerda a marcar o primeiro ensaio da equipa da casa. Jerónimo Portela não conseguiu a conversão e o marcador passava para 5-7.
A equipa visitante não acusou o ensaio sofrido e manteve a coesão defensiva. A táctica era simples: ganham penalidades nas formações ordenadas, rematar para o alinhamento e progredir até ao ensaio através de maul. No entanto, a equipa nacional esteve muito bem a parar a última parte deste processo o que deixava os Black Lion com menos alternativas atacantes.
Ironicamente foi através de uma maul que os Lusitanos causaram dificuldades à defensiva georgiana, ganhando uma penalidade. Nuno Sousa Guedes marcou e o marcador passava para 8-7 aos 25 minutos.
No entanto, as formações ordenadas continuavam a causar muitos problemas aos Lusitanos que aos 33 minutos de jogo já tinham cometido quatro penalidades, sendo avisados pelo árbitro da partida que o cartão amarelo estava próximo.
O intervalo chegava debaixo de bastante calor (27C em Lisboa) e com a equipa da casa a vencer por apenas um ponto.
A segunda parte começou como a primeira tinha começado, com muito jogo de pé. A equipa dos Black Lion tinham mais bola mas os Lusitanos não deixavam que houvesse muita progressão no campo. Aos 43 minutos, na sequência de uma penalidade, Nuno Sousa Guedes ampliou a vantagem para 11-7 a favor da equipa da casa.
A vantagem podia ter sido ainda maior quando aos 47 minutos os Lusitanos quase marcaram o segundo ensaio depois de uma muito boa combinação entre Rodrigo Marta e Manuel Cardoso Pinto. No sequência desse ataque a equipa visitante beneficiou de mais uma formação ordenada e com ela veio a quinta penalidade e o consequente cartão amarelo. A vitima foi o pilar direito António Prim e os Lusitanos estavam reduzidos a 14 durante dez minutos.
Com vantagem numérica em campo, a equipa georgiana ganhou mais uma formação ordenada aos 52 minutos e com uma saída muito rápida e plena de oportunidade, Peranidze marcou o segundo ensaio da sua equipa. Conversão conseguida e o marcador virava para 11-14.
Aos 60 minutos, na sequência de uma penalidade, Babunashvili aumentou a vantagem para 11-17 com Nuno Sousa Guedes a responder na mesma moeda seis minutos mais tarde e a reduzir para 14-17. A dois minutos do apito final, Rodrigo Marta cria muito perigo mas a jogada acaba com mais um knock-on por parte dos Lusitanos que confirmou a derrota na partida.
Já escrevemos algumas vezes sobre a importância desta competição para o desenvolvimento do rugby nacional. A primeira linha dos Lusitanos tinha jogadores com 19, 22 e 23 anos que batalharam ferozmente contra três internacionais georgianos, com dezenas de internacionalizações pelo seu país e com idades de 31, 26 e 31 anos. De certeza que as lições aprendidas neste jogo servirão para os jogadores desenvolverem o seu rugby e melhorarem naquele que será a sua progressão natural até aos Lobos.
Muitos parabéns a todos os jogadores envolvidos pela excelente prestação – cá estaremos para o ano, prontos para continuarmos a ver os Lusitanos a jogar (e a encantar) na Europa.