Portugal perde contra a Geórgia (38-11) e conquista a medalha de prata no Rugby Europe Championship 2023.
Artigo escrito por: Nuno Madeira do Ó
O melhor: A primeira parte de Portugal. Os Lobos entraram muito fortes na partida e defenderam muito bem as fases estáticas (que tinham sido problemáticas no passado). A equipa cometeu poucos erros e o resultado ao intervalo (12-11) sabia a pouco para a exibição em campo.
O menos bom: A segunda parte do jogo. Portugal deixou de conseguir manter a fisicalidade no jogo e a Geórgia aproveitou da melhor maneira. Deu a idéia que a equipa quebrou animicamente por volta do minuto 55 quando Portugal quase marcou por intermédio de Pedro Lucas (knock-on). O marcador estava em 17-11 e esse ensaio podia ter colocado os Lobos em frente no marcador. Para além de não ter conseguido marcar, a Geórgia marcou outro ensaio 5 minutos mais tarde e a diferença de pontos no marcador foi demasiado pesada para os Lobos.
Melhor em campo:Do lado de Portugal, gostaríamos de destacar dois jogadores: Manuel Cardoso Pinto e Simão Bento. O primeiro foi uma adição de última hora ao XV inicial (no lugar de Rodrigo Marta) mas esteve muito activo no jogo e assistiu Tomás Appleton para o ensaio português enquanto que o segundo (que já tinha estado em bom plano dos restantes jogos que fez neste Championship) voltou a ser um excelente dinamizador da manobra ofensiva nacional. No entanto, o prémio de melhor em campo vai para o ponta Georgiano Akaki Tabutsadze. Para além dos dois ensaios marcados (foi o melhor marcador do REC), o ponta causou bastantes dificuldades à defesa nacional com a sua velocidade, criando muitos espaços e assistindo ainda para um terceiro ensaio.
Foi a primeira final do Rugby Europe Championship (novo formato) e Portugal disputou a final da prova, perdendo (por números algo exagerados) a final contra a Geórgia, vencedora de 17 das últimas 23 edições da prova.
Patrice Lagisquet tinha algumas ausências nos “habituais” titulares: Anthony Alves e Samuel Marques não foram libertados pelos clubes, Nuno Sousa Guedes, Raffaele Storti, e Rodrigo Marta estavam lesionados. No entanto, Portugal entrou mandão no jogo, a querer mostrar que estava lá para vencer. Os Lobos pressionavam bem, metendo sempre dois jogadores no ruck o que permitia que a equipa controlar as operações no chão e continuar em posse. Os primeiros cinco minutos da partida foram jogados na metade Georgiana e a pressão deu resultado: penalidade ganha dentro dos 22 ofensivos, Portugal com um rápido tap and go, Manuel Cardoso Pinto a criar espaço antes de fazer o offload para Tomás Appleton que marca no lado esquerdo do ataque. Ensaio não convertido e 0-5 para os Lobos.
Atrás no marcador, a Geórgia tentou controlar o jogo e marcou aos 11 minutos. Alinhamento ganho, Portugal consegue parar a maul georgiana mas concede, no entanto, uma penalidade. Depois de várias fases de pick and go, foi Tabutsadze que cruzou a linha de ensaio. Abzhandadze adicionou os extras e os Lelos passavam para a frente do marcador.
Portugal tentava atacar (e quase marcou aos 17mins após uma grande maul conduzida por Mike Tadjer) mas a Geórgia tinha algum controlo sobre o jogo. Neste aspecto Niniashvili teve um papel importante, pontapeando muito bem e “prendendo” os Lobos na sua metade. Portugal tinha alguma dificuldade em cobrir os seus 22 e o retorno nos pontapés não era sempre o ideal. Foi numa destas situações que a Geórgia voltou a marcar. Depois mais um excelente pontapé, Simão Bento ficou isolado e foi posto em touch dentro dos 22 Portugueses. Alinhamento ganho pela Geórgia, Tabutsadze a rodar por detrás da maul e a marcar o ensaio (12-5 aos 23 minutos).
Daí até ao intervalo, Portugal controlou quase por completo o jogo e passou a jogar na metade contrária. Aos 27 minutos o capitão Georgiano viu um cartão amarelo e na respectiva penalidade Simão Bento reduziu a diferença no marcador para quatro pontos. Três minutos depois, Nicolas Martins muito bem a ganhar uma penalidade no ruck e de novo Simão Bento com um pontapé certeiro a marcar.
Ao intervalo, o resultado era de 12-11 para a Geórgia e estava tudo em aberto para a segunda parte do encontro.
No entanto, a Geórgia entrou na segunda parte com vontade de arrumar o assunto e com três minutos apenas marcou um ensaio através de uma maul impossível de parar (17-11). Portugal precisava apenas de um ensaio convertido para passar para a frente do marcador e quase que o conseguiu aos 55 minutos. Boa jogada no lado direito do ataque com Nicolas Martins (exclente durante todo o REC) a fazer o offload para Pedro Lucas que teve azar e não conseguiu apanhar a oval.
Foi aqui que tudo mudou: Portugal não marcou e a Geórgia voltou ao ataque. Aos 62, numa altura em que os Lelos já tinham toda uma primeira linha nova e Portugal ainda só tinha substituído Mike Tadjer, a Geógia ganhou uma penalidade no scrum. Pontapé para o canto, maul e ensaio (24-11).
A fisicalidade da Geórgia pesava nas pernas dos Lobos e os Lelos conseguiram impor o seu jogo físico até ao fim da partida. Com mais dois ensaios marcados em 10 minutos, a diferença no marcador continuou a aumentar até aos 38-11 finais.
O próximo encontro entre estas duas seleções está marcado para o dia 23 de Setembro em Toulouse, naquele que será o segundo jogo de Portugal no Campeonato do Mundo. Esperamos – e acreditamos – que o desfecho dessa vez será bastante diferente.