Especial Primeiro Aniversário
Faz hoje um ano desde que publicámos o nosso primeiro artigo e quase um ano que anunciámos (através do Instagram) que tínhamos chegado ao mundo maravilhoso do Rugby Português. Para celebrar essa data, decidimos entrevistar-nos a nós próprios, para que aqueles que nos lêem e seguem possam ficar a saber um bocadinho melhor quem somos, como e porque é que começámos isto e o que gostaríamos de ver no futuro. O nosso obrigado a todos os que nos ajudaram durante este ano – sem vocês o Linha de Ensaio não existiria.
Nuno Madeira do Ó
Idade: 30 + IVA
Profissão: Faço várias coisas em várias start-ups de biotecnologia.
Clube preferido: Não tenho um clube preferido mas gosto quando o Munster (Irlanda) ganha.
Seleção que mais gostas de ver jogar: Portugal, claro. Quando não estão a jogar, Irlanda.
Jogadores preferidos: Português prefiro não responder para não me acusarem de ser tendencioso quando escolho os melhores em campo. A nível internacional, Siya Kolisi (Springboks), Robbie Henshaw e Tadgh Furlong (Irlanda). Impossível não referir o Antoine Dupont (França) que é um autêntico monumento ao rugby moderno.
Momento mais marcante no rugby: Portugal vs All Blacks RWC 2007 e o Irlanda v All Blacks de 2018 que vi ao vivo foi a primeira vitória em solo Irlandês da equipa da casa contra os All Blacks. No entanto, espero trocar isto tudo em Novembro pelo Portugal v USA que vai carimbar o nosso apuramento para o Campeonato do Mundo.
Ricardo C.
Idade: 37 anos
Profissão: Gestor
Clube preferido: Blue Bulls de Pretoria.
Selecção que mais gostas de ver jogar: Springboks.
Jogadores preferidos: Fourie du Preez, Schalk Burger, Lukhanyo Am.
Momento mais marcante no rugby: Portugal vs All Blacks RWC 2007 e Inglaterra vs Springboks 2019
Rui Neto Fernandes
Idade: 41 anos
Profissão: Médico
Clube preferido: Cascais
Jogadores preferidos: Impossível dizer só um. Ídolo de infância o Carlos Reis (Cajó) do Cascais, depois mais tarde o Tana Umaga e em Portugal o Zé Pinto, que além de ser um grande médio de formação é meu amigo. Atualmente o jogador português que mais gosto é o Rodrigo Marta, internacional o Ntamack.
Momento mais marcante no rugby: Destaco 3: o “penta” do Cascais em 1996, o “drop” do Jonny Wilkinson na final do Mundial de 2003 e a estreia de Portugal no Mundial de França em 2007, frente à Escócia.
Como é que o rugby entrou nas vossas vidas?
Rui: Comecei a ver rugby em Cascais, ainda no Hipódromo, quando era miúdo, com o meu pai que também gosta da modalidade. Mais tarde passei uma temporada em Bath em Inglaterra e a partir dai não parei mais de seguir assiduamente. Costumo dizer (obviamente com uma grande dose de exagero) que sou o único adepto em Portugal que nunca jogou nem tem familiares que jogaram rugby…. Atualmente acompanho os jogos do Cascais, tanto na Guia como nos jogos “fora” na região de Lisboa e quando me é possível viajo para ver jogos internacionais ou do campeonato inglês.
Ricardo: Foi através de influência familiar da África do Sul.
Nuno: Desde pequeno que ouvia falar de rugby (acho que o pai chegou a jogar quando estava a estudar) mas comecei a seguir assiduamente quando me mudei para Inglaterra (em 2010) e comecei a ver as 6 Nações. Quando fui ver o meu primeiro jogo ao vivo (País de Gales v Irlanda em 2016) fiquei totalmente viciado. Desde aí, já joguei em Inglaterra (nível amador) e agora estou inscrito no curso de treinador nível 1.
E como é que se conheceram?
Ricardo e Nuno: Nós conhecemo-nos há bastante tempo através de amigos em comum e apesar de nos vermos raramente (fruto da distância geográfica), mantivemos sempre o contacto. Mais tarde conheci (Nuno) o Rui…
Rui: Isso são outras lides…. Conhecia o Nuno e o seu irmão João dos tempos da Universidade e quando soube que tinham criado um site sobre rugby voluntariei-me para ajudar de alguma forma. Comecei a escrever algumas crónicas dos jogos e tenho mantido esta colaboração com muito gosto.
Como surgiu o Linha de Ensaio?
Ricardo: Surgiu da vontade de ajudar a dar visibilidade ao rugby Português, mas também como uma opção para manter mais contacto com as nossas raízes em Portugal.
Nuno: Exacto. A mim fazia-me um bocado de impressão que Portugal tivesse selecções tão boas e com tanto potencial e que não houvesse nenhum site para ler artigos sobre o Rugby Português (a imprensa desportiva em Portugal muito raramente fala sobre rugby). O FairPlay fazia algumas coisas mas não era bem aquilo que eu queria. Quando eu e o Ricardo falámos de começar qualquer coisa, pensei “porque não escrever eu os artigos que gostaria de ler?” e pronto.
Rui: Eu não estive na génese deste projeto e quando comecei a colaborar com a equipa do Linha de Ensaio, o site e parte do conteúdo já estavam criados.
Qual o objectivo deste projecto?
Rui: Para mim, o principal objetivo do projeto é divulgar o rugby Português. Acho que ainda há muito pouca informação sobre a modalidade nos órgãos de comunicação nacionais e um destaque maior poderia dar mais visibilidade ao rugby e atrair mais adeptos.
Ricardo: Ganhar visibilidade, promover o rugby Português e, quem sabe, democratizar e dinamizar dados analíticos do rugby português. O Eddie Jones disse uma vez que toda a gente olha para o que os jogadores alcançam com bola (ou na sua disputa). O problema e que isso só representa 5% do que se passa em jogo. E o resto? Está alguém a olhar para isso? Já agora… viram os nossos dashboards?
Nuno: Um dos objectivos é dar uma plataforma ao Rugby Português. Tentamos fazer um pouco de tudo (crónicas de jogo, entrevistas, artigos de opinião) e ajudar toda a gente (masculino, feminino, 7s, Lusitanos). O outro objectivo está relacionado com o que o Ricardo disse em relação à análise de jogo. Penso que o rugby ainda utiliza ferramentas pouco modernas (especialmente quando comparado com o futebol) e acho que o que desenvolvemos pode ser um passo em frente para começar a olhar para o que se passa em campo de outra maneira e, com isso, fazer evoluir o desporto.
Espanha v Portugal Portugal v Países Baixos
Agora que já passou um ano desde o primeiro artigo, que balanço fazem?
Rui: Muito positivo. Conseguimos durante este ano ter crónicas de todos os jogos da Seleção Nacional (masculina e feminina), Lusitanos XV, e dos 7s. Penso que o site está muito bem construído e pode ser uma fonte útil para que quer ter mais informação sobre o rugby nacional.
Ricardo: Um pouco como os Lobos, início de cada acitividade tradicionalmente forte mas com alguns problemas de profundidade. Precisamos de mãos e de cheques. Se quiseres ajudar, escreve-nos! Ideias temos em abundância.
Nuno: Concordo com o Rui, foi um ano muito bom. Fiquei (muito positivamente) surpreendido com a disponibilidade das toda a gente em ajudar. Este projecto não seria possível sem as (excelentes) fotografias que nos são facultadas, com as jogadoras e jogadores, árbitros, treinadores e dirigentes que aceitaram ser entrevistados e que, no fim de contas, proporcionaram o conteúdo para este site.
E como diz o Ricardo, estamos à procura de mais colaboradores (em todos os departamentos) e gostaríamos de abrir este projecto a outras pessoas.
Que planos têm para o futuro?
Rui: Continuar o que tem sido feito e se possível, em termos de recursos humanos sobretudo, alargar a cobertura da modalidade para outros campos.
Ricardo: Encontrar novas formas de contribuir para o rugby em geral e para o rugby português em paraticular. Acho que já disse que o rugby português é basicamente uma âncora para ‘casa’.
Nuno: Eu gostava bastante que, tanto nós como o Rugby Português continuassem a crescer – seria um bom sinal para ambas as partes. Num futuro próximo, já estou a salivar com a perspectiva de poder ir ver Portugal disputar o Campeonato do Mundo em França. Apesar de já ter bilhetes para todos os jogos da Irlanda, não consigo descrever a felicidade que seria acompanhar os Lobos nessa aventura.