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Chico Fernandes
Entrevista

Jogador do AS Béziers e da Selecção Nacional.

Pilar da Selecção Nacional, mais de 250 jogos no ProD2 e o desejo de fazer aumentar ainda mais esse número. O Linha de Ensaio teve o prazer de falar com o enorme Chico Fernandes.

Nome: Francisco Fernandes
Idade:
37 anos
Internacionalizações:
30

Clube: AS Béziers Hérault



Quick round:
Clube preferido? Eu vejo semanalmente todos os jogos do Top14 e do ProD2 mas os meus clubes preferidos são o US Tyrosse e o AS Béziers. Também tenho alguma simpatia pelo Toulouse. 
Seleção que mais gosta de ver jogar? 
Para além de Portugal, África do Sul e Irlanda
Jogador preferido ? Gostava muito de ver o Brian O’Driscoll.

Como é que o rugby surgiu na sua vida? Como é que começou a jogar?

Comecei a jogar quando tinha 10 anos, numa pequena vila chamada Soustons, que fica entre Bayonne e Dax. No clube, cada jogador que trouxesse um amigo para o treino recebia um presente então um amigo meu que jogava perguntou-me se eu queria ir e eu fui! Gostei bastante do desporto e acabei por ficar.

Como chegou a profissional?

Quando estava no AS Soustons, dois clubes do ProD2 ofereceram-me contractos profissionais: o Dax e o US Tyrosse. Escolhi ir para Tyrosse e, infelizmente fomos despromovidos à Fédérale 1. Em 2011, jogámos contra o Béziers nas meias-finais do playoff de promoção para o ProD2. Perdemos, eles acabaram por subir de divisão e ofereceram-me um contracto no final dessa época. Mudei-me, e estou aqui há 12 anos.

Passou há pouco tempo a marca dos 250 jogos no ProD2. O que se sente quando se atinge uma marca dessa importância?

Quando atingi esse número, ri muito e senti-me muito cansado ahaha. No dia 23 de Setembro, já vou fazer 270 jogos – o tempo passa mesmo a correr. Ainda tenho à volta de 100 jogos com o Tyrosse na Fédérale 1 e as 30 internacionalizações com Portugal. Sinto-me muito feliz e honrado por ter conseguido estes números e espero conseguir fazer com que eles crescam ainda mais.

O Francisco começou a jogar na Selecção Portuguesa em 2001. O que mudou na Selecção desde essa altura?

Tinha apenas 17 anos quando comecei a jogar por Portugal. Parece que foi há muito, muito tempo. Muitas coisas mudaram no rugby Português desde essa altura – podíamos passar 4 ou 5 horas só a falar sobre isso. Se calhar o aspect mais importante tem que ver com a aceitação de jogadores com dupla nacionalidade como eu. Ao princípio, os jogadores Portugueses não nos queriam na equipa por medo que lhes ficassemos com o lugar. Agora, as coisas são totalmente diferentes, toda a gente é muito bem-vinda e somos uma melhor equipa por isso.

Portugal está a 3 jogos de se qualificar para o Campeonato do Mundo. Como se sente em relação a esse playoff? Confiante? Nervoso?

Esses três jogos são extremamente importante para nós pois todas as equipas têm o mesmo desejo: estar presente no Campeonato do Mundo. Não estou nervoso mas estou consciente que vai ser um momento de enorme responsabilidade, tanto para mim como para a equipa e quero estar ao nosso melhor nível.

Chico Fernandes com Mike Tadjer, 2/3 de uma primeira linha de respeito. Crédito: Luis Cabelo

Tendo dupla nacionalidade (Portuguesa + Francesa), o que significaria jogar esse Campeonato do Mundo em França?

Tenho bastante orgulho em representar Portugal e seria incrível poder fazê-lo nesta enorme competição e ao lado de equipas como a Nova Zelândia e a Austrália. Eu nasci em Portugal e os meus pais mudaram-se para França quando eu tinha 2 anos e, apesar de estar em França há bastante tempo, sinto-me muito Português. A minha mulher é Francesa, os meus filhos nasceram em França e seria incrível poder disputar o Campeonato do Mundo em frente deles.

O Francisco tem 37 anos e é o jogador mais experiente da Selecção Nacional. Tem alguma responsabilidade extra quando jogadores mais jovens são chamados?

Sim, sou o jogador mais velho na Selecção Nacional. O treinador (Patrice Lagisquet) já me perguntou se conheço outros jogadores em França com dupla-nacionalidade e, quando um avançado novo chega à equipa, ele pede-me para falar com ele sobre algums aspectos do jogo, como o scrum. Sinto-me bem por ter tanta experiência e de a poder utilizar para ajudar os meus colegas. Por ser o mais velho, por vezes os mais novos até carregam o meu saco depois do treino ahaha.

Num jogo contra a Roménia, a contar para o Rugby Europe Championship. Crédito: Luis Cabelo.

Até quando pretende continuar a jogar rugby?

Não sei, não tenho uma data em mente. Gostava de jogar mais dois ou três anos, pelo menos. Fisicamente, sinto-me bem e ainda estou a competir bem (n.a o Francisco foi votado pelo Midi Olympique como o melhor pilar esquerdo da jornada passada no ProD2). Talvez jogue até ter 40 anos, quem sabe…

Quais sãos os planos para a vida de pós-jogador? Gostaria de continuar ligado ao rugby?

Eu faço parte do estereótipo dos Portugueses em França e antes de jogar rugby, trabalhei na construção civil. Quando me retirar enquanto jogador, talvez volte a essa vida e tenha a minha própria empresa de construção. Também gostava de fazer os cursos de treinador necessários para poder ser um treinador de scrums, talvez em Béziers ou com a Selecção Portuguesa (Lobos ou escalões mais novos como sub-18 ou sub-20). É bom manter várias opções em aberto.

Qual o momento mais marcante da sua carreira até este momento?

Tenho várias excelentes memórias mas a melhor até agora foi quando disputei o meu 250º jogo em Béziers. Entrei no campo com os meus dois filhos e foi um momento muito especial para mim. No entanto, espero poder dizer que o momento mais marcante foi o de jogar o Campeonato do Mundo por Portugal em 2023.

Ronda 3: Iberians
Lusitanos XV