Rugby Europe Trophy 2022/2023
Portugal vence confortavelmente a Bélgica (5-71) e começa da melhor maneira a edição de 2022/2023 do Women’s Rugby Europe Trophy.
Artigo escrito por: Nuno Madeira do O
O melhor: Portugal jogou um rugby delicioso. Para além de um ataque mortífero que marcou 11 ensaios, a defesa foi absolutamente implacável. Portugal destruiu a Bélgica nas formações ordenadas e aproveitou-as da melhor forma para estabelecer uma base para lançar vários ataques. Para além disso, tivemos ainda o habitual espectáculo de velocidade, offloads e emoção. Dá gosto e vontade de ver esta seleção jogar.
O menos bom: Durante os primeiros 10 minutos da partida, Portugal teve alguma indisciplina e cometeu alguns erros de handling bem como no breakdown. Felizmente a equipa Belga não conseguiu aproveitar mas contra uma equipa mas forte, esses erros podiam ter trazido bastantes complicações.
Melhor em campo: Escolher a melhor em campo neste jogo foi uma tarefa bastante complicada. A combinação Maria João Costa-Mariana Marques esteve absolutamente brilhante no meio campo, quer a atacar, quer a defender. Daniela Correia, para além de bastante certeira com o pé, causou desequilibrios constantes na defesa contrária e ainda marcou um ensaio. Sara Moreira bisou na partida e dinamizou bastante o ataque Português. No entanto, o Linha de Ensaio escolheu Neuza Reis como a melhor em campo. A pilar Portuguesa foi uma autêntica máquina nas formações ordenadas, ganhando penalidades atrás de penalidades e transformando cada uma delas numa situação de perigo para a defesa Belga. Esteve quase imparável nos pick and go que fez e ainda marcou um ensaio. Uma autêntica gigante.
Seis meses tinham passado desde que vimos esta Seleção jogar e o que tinham feito contra a Bélgica (10-8) e Alemanha (57-0) tinham deixado muita água na boca para o que estava para vir. E, felizmente, as comandadas de João Moura, não defraudaram as nossas expectativas.
No entanto, apesar do desnível no resultado, nem tudo foram rosas no jogo Português. A Bélgica entrou por cima no jogo e dominou os primeiros 10 minutos da partida. A equipa Portuguesa parecia um pouco nervosa e cometia alguns erros de handling, não conseguindo pegar no jogo e ter a oval na mão. Para além disso, a distribuição a partir dos rucks tinha pouco critério e a abordagem no breakdown era um pouco atabalhoada, causado várias penalidades. Felizmente a seleção Belga não transformou esses erros em pontos e Portugal saiu desse período com a sua linha de ensaio inviolada.
Aos 15 minutos de jogo, tudo mudou. Mariana Marques (um grande jogo da centro Portuguesa, a desestabilizar constantemente a defesa contrária) a ganhar bastante terreno e a empurrar a equipa para dentro dos 22 Belgas. Portugal progredia através de várias fases até que Sara Moreira marcou o primeiro ensaio da partida. Daniela Correia adicionou os extras e Portugal passava para a frente do marcador (0-7).
Este ensaio destabilizou a seleção da Bélgica que perdeu discernimento e se tornou menos perigosa na partida. Aproveitando esta mudança na dinâmica da partida, Portugal partiu para o ataque e marcou quatro ensaios em 15 minutos. Neuza Reis (25 mins), Maria João Costa (28 mins), Daniela Correia (36 mins) e Sara Moreira (o segundo da conta pessoal, aos 40 mins) marcaram na partida e mandaram as equipas para os balneários com o marcador a mostrar 0-35.
A equipa Belga regressou ao campo, motivada para tentar mudar o rumo dos acontecimentos e dar alegrias aos bastantes adeptos que acompanhavam a partida ao vivo. Aos 47 minutos de jogo, conseguiram encontrar espaço numa defesa Portuguesa mal colocada (a recuperar de uma formação ordenada) e marcaram na ala direita do ataque. Festa nas bancadas, ensaio não convertido e 5-35 no marcador.
A partir desse momento, Portugal retomou o festival de ensaios marcados: Maria João Costa (o segundo na partida, aos 50 mins), Beatriz Rodrigues (55 mins), Marta Magalhães (62 mins), Mariana Santos (66 mins), Yara Fonseca (70 mins) e Inês Spínola (80 mins) inscreveram o seu nome na lista de marcadores e fixaram o resultado final em 5-71.
Com este resultado, Portugal assume o comando do Rugby Europe Trophy, à frente das seleções da Finlandia, Alemanha, Bélgica e Chéquia (que ainda não jogou). O próximo jogo das Lobas está marcado para o dia 4 de Fevereiro, em Lisboa, e será contra a seleção da Finlandia.
O Linha de Ensaio falou com Sara Moreira sobre a partida:
Nos primeiros 20 minutos de jogo, a Bélgica parecia querer dominar mas Portugal acabou por marcar 11 ensaios e ganhar muito confortavelmente. Que balanço fazes deste jogo?
Os primeiros 20 minutos do jogo foram complicados para nós. A Bélgica lutou muito e pôs-nos muita pressão. Tivemos que ter muita paciência e assim que encontrámos o nosso ritmo e confiámos no nosso processo, começámos a marcar ensaios.
Acho que temos que dar muito valor ao nosso pack avançado. Dominámos completamente o jogo e fizemos carries muito importantes. Também conseguimos criar uma plataforma a partir da qual os nossos 3/4s pudessem jogar. Foi excelente iniciar esta competição com 11 ensaios e os respectivos 5 pontos.
Para além da Belgica, Portugal vai ainda defrontar a Alemanha, Finlândia e Chéquia nesta edição do Rugby Europe Trophy. O que podemos esperar destes jogos?
Vai ser a primeira vez que defrontamos a Finlândia e Chéquia e por isso ainda não sabemos muito sobre elas. Vamos rever os jogos, identificar os seus pontos fortes e as áreas que podemos explorar. Não tenho dúvidas que todas as equipas querem ganhar esta competição e que toda a gente nos vai causar dificuldades. Temos que continuar a trabalhar no duro para continuarmos a melhorar e fazer tudo o que está ao nosso alcance para continuarmos a vencer.
Em relação à Alemanha, jogámos o ano passado e conseguimos uma vitória importante mas tenho a certeza que elas trabalharam muito durante a pré-época e vão querer ganhar este desta vez. Para além disso, jogam em casa o que torna esse jogo ainda mais especial.
A seleção Portuguesa tem evoluído bastante nos últimos tempos. Quais achas que são as principais razões para tal e o que achas que ainda falta para que sejamos ainda mais fortes?
Os training camps que tivemos este ano ajudaram imenso. Permitiram que crescêssemos enquanto equipa, que nos conhecessemos melhor e aprendessemos como toda a gente joga. Existem sempre áreas em que podemos melhorar e vamos usar os training camps que aí vêm para nos prepararmos para o que aí vem.
Durante os períodos de tempo em que não estamos juntas, é importante que continuemos a trabalhar no duro, não só para continuarmos a melhorar individualmente mas também para que possamos retomar os trabalhos da melhor maneira possível.